18 de novembro de 2010

Clássico do mês (Novembro): Cadillac série 62

                               
O Série 62 já existia na linha Cadillac bem antes de ganhar o estrelato com o célebre rabo-de-peixe. Quando foi lançado, em 1941, ele não representava surpresa em termos de estilo, tecnologia ou mercado, mas era o único da marca a oferecer um conversível. Porém, em alguns anos, seria a versão sem teto que garantiria a ele uma vaga – bem espaçosa – na história de Detroit.

Em 1942, além de para-lamas mais ovalados e de uma nova versão fastback, veio a primeira imitação de ogiva no para-choque dianteiro do modelo, dando início à inspiração estilística na aviação militar. Era o que os americanos apelidariam de “dagmars”, em referência à opulência anatômica frontal de uma famosa atriz de TV. O Série 62 tornou-se o Cadillac mais popular. Com a entrada dos EUA na Segunda Guerra, em 1942, a produção foi suspensa até 1946.

Em 1948, surgiria o mítico rabo-de-peixe, uma traseira adornada por ressaltos que lembravam barbatanas. Trazia ainda para-lamas dianteiros embutidos, marca do design pós-guerra. Um V8 com válvulas no cabeçote de 160 cv veio em 1949, junto com a famosa versão Coupe de Ville, sem coluna central. Os “dagmars” começaram a inflar em 1951. A exclusividade da carroceria conversível foi um pouco ofuscada pelo acabamento superior e para-brisa envolvente do Cadillac Eldorado em 1953 – esse vidro seria incorporado no Série 62 no ano seguinte.

De 1955 a 1958, os dois conversíveis se distinguiriam mais no estilo da traseira e na potência (superior no Eldorado). Em 1959, os dois eram quase gêmeos. Foi o ápice dos excessos de estilo, do designer Harley Earl e de Detroit como um todo – o rabo-de-peixe media 107 cm. Mais que aviões, o carro lembrava um foguete, impulsionado pelo V8 de 325 cv.

Tudo era um exagero no Série 62 dessa época, tal qual o 1959 da foto. Como seu comprimento, de 5,70 metros. Com o teto fechado, o ar-condicionado congela tudo. A direção de volante grande é bem macia e o câmbio automático é longo – sentem-se as mudanças, mas sem barulho. Porém a maior surpresa é mesmo sua suspensão. O conversível não traduz o asfalto em trancos e tampouco rola nas curvas. “Mas o freio tem fading e os pneus superaquecem”, diz Delso Calascibetta, gerente de vendas da Private Collections, que cedeu o carro para as fotos. Não é para menos, afinal, são mais de 2 toneladas.

Em 1960, o desenho foi simplificado, o que acentuou a aerodinâmica das linhas. Começava a era Bill Mitchell no design da GM, mas a paridade estética entre os dois conversíveis prosseguiria até 1964. No auge do Eldorado, o Série 62 oferecia quase o mesmo e vendia mais. Por custar menos e dispor antes de uma versão conversível, ele conseguiu definir melhor a prosperidade e a ostentação associadas aos Cadillac que seus irmãos mais célebres


ELDORADO

É um erro comum achar que todo Cadillac conversível 1959 é um Eldorado Biarritz (foto). Então como distingui-lo do mais simples Série 62? Uma faixa cromada contornava os para-lamas traseiros do Eldo, que ainda oferecia a opção de suspensão a ar e 20 cv a mais. Se ele atraiu 1 320 compradores, o Série 62 respondeu por 11 130 vendas naquele ano.

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